domingo, 29 de maio de 2011

Aquela senhora com problema na fala.



Qual mesmo é o nome? Lady alguma coisa, que de Lady, convenhamos, não tem nada. Gaga, isso ! Lady Gaga ! Foi ela, sim foi ! Ela mesmo quem lançou o CD Born This Way alguns dias atrás e eu havia prometido uma opinião sobre suas quatorze músicas. O problema é que havia me faltado tempo para sentar e ouvir o álbum todo, talvez até pouca vontade porque eu não sabia se estava ouvindo realmente Lady Gaga. Fiquei confuso, mesmo. Muita confusão, até mais do que essa mulher é capaz de causar. Fiquei pensando: cadê a Lady Gaga? Porque eu já ouvi o CD várias vezes e só a achei em poucas músicas, timidamente se escondendo atrás de efeitos sonoros e letras complexas. Cadê a mulher que lançou The Fame e The Fame Monster?



01 - Marry in The Night (4:25)

São quatro minutos e vinte e cinco segundos para mostrar que Gaga mudou, não sei se para melhor ou pior, depende do ponto de vista. A música é bem a cara de Lady Gaga, mas sinto que faltou algo, o que será? Após repetir gagamente Ma-ma-ma-marry (como estamos acostumados) ela lança: In my fishnet gloves/I'm a sinner (Em minhas luvas de arrastão/Sou uma pecadora) Você se surpreendeu? Nem eu. Será que Gaga quer se redimir por ter casado com a noite? Porque não me surpreende o fato das palavras escuridão, pecado e casar estarem interligadas? Mesmo que por um pequeno momento no início da música antes do refrão eu podia ter a certeza de que a Cher ia entrar cantando.


02 - Born This Way (4:21)

Taí uma música que eu gostei. Pude ver claramente a Gaga de antigamente cantando isso, como se fosse uma canção do primeiro álbum. A música é impactante, o que me fez fazer o famoso tsk tsk foi o clipe psicodélico demais até mesmo se tratando de quem estou falando. Confesso que no início não tinha curtido nem um pouco, mas depois, fechando os olhos e ouvindo a melodia e a mensagem, achei que finalmente ela tinha acertado em dizer: I'm beautiful in my way 'Cause God makes no mistakes ( Eu sou linda do meu jeito pois Deus não comete erros) O que foi isso, Lady Gaga? Pegou de jeito não só as pistas de dança mas todos os caras que se sentiam uma aberração. Não sei o que me levou a pensar, mas lembrei do boato que surgiu quando falavam que a Xuxa não podia dizer o nome de Deus nas músicas. Mother Monster comprovou nessa música que não apenas pode falar o nome de Deus como afirma ter a certeza de que Não importa se você o ama, ou O ama, apenas levante as mãos pois você nasceu assim, baby!



03 - Government Hooker (4:14)

Juro que os primeiros trinta e três segundos de música me fez pensar naquelas músicas que são rodadas de trás para frente. Dizer que essa é uma música que fala sobre criticar o governo (Government Hooker - Prostituta do Governo) é elogiar. A música repete a palavra prostituta mais de trinta vezes e não consegui imaginar o porquê Gaga a compôs assim. Não mesmo. Sei que ela tentou fazer a linha bem suja nessa música, mas não colou, colou? A batida ajudou um pouquinho, mas não será uma música que vai pegar, pelo menos eu acho que o refrão Prostituta! (Sim, você é minha prostituta)/Prostituta! (Prostituta do governo)/Prostituta! (Sim, você é minha prostituta)/Prostituta! (Prostituta do governo) não interessou tanto quanto as duas músicas anteriores. De hermafrodita, Anticristo á Prostituta Gaga evolui.


04 - Judas (4:10)

Que bom que ela nem fez alusão à religião nessa música, não é? Pode me apedrejar ou me queimar na fogueira inquisitorial, mas eu gostei do single. Embora seja repetitivo ela falar sempre Ga-ga no início das músicas, eu achei que Judas foi a junção perfeita de Poker Face com Bad Romance. É só ouvir para constatar. O clipe brincou com os doze motociclistas representando os apóstolos. Achei que depois disso iria ficar bom, mas a verdade foi que esse clipe me pareceu a junção de Priscila; a Rainha do Deserto com Shakira e no finalzinho A Rainha dos Condenados. Apesar da batida ser boa para ouvir, é de se imaginar o porque tantos grupos religiosos só acentuaram sua ira por Lady Gaga, chegando até presenteá-la com um Get Out of Hell Free card (Cartão de saída do inferno) Ou Gaga tem sérios problemas e necessita relatar figuras religiosas em suas letras, ou ela realmente quer que a notem. Mais do que já fazem. Eu quero te amar. Mas algo está me puxando para longe de ti. Jesus é minha virtude. Mas Judas é o demônio ao qual me apego. Eu me apego



 05 - Americano (4:07)

Eu vejo essa música como Alejandro, talvez pelos nomes serem iguais. Mas é ai que está, não é tão complexa quanto Alejandro. Se analisar a música dá para notar que não faz tanto sentido pelo simples fato de ser muito simples, pelo menos não para mim. O que tem de interessante em que Gaga conheceu uma garota no leste de Los Angeles, com shorts floridos doces como maio e ela cantava em oitavas e duas cordas e elas se apaixonaram mas não na corte? E eis que vem o refrão: Eu não falo sua, eu não falo sua, língua, oh não! Eu não falo seu, eu não falo seu Jesus Cristo. Surpresa? Gaga está com síndrome de Xuxa, eu tenho quase certeza. Mas tirando as referências clichês que sempre estão em suas músicas, Americano até que é legalzinha.


06 - Hair (5:09)

Gostei. Simples e é uma letra significativa que nos submete à figura de uma adolescente de pais altamente religiosos que a repreendia só por se pintar para ir à escola ou deixar o cabelo de uma forma diferente. Não vi muito da antiga Lady Gaga nessa música, mas isso nem sempre é ruim. Não sei descrever ao certo o que senti ao ouvir. Fiz uma rápida pesquisa entre meus contatos online e algumas respostas foram: me senti calma, me senti tendo personalidade, me senti de uma forma diferente, me senti livre como meu cabelo,com uma energia boa. Diverge opiniões que apenas fãs sabem identificar. Infelizmente eu não tenho o dom de descrever o que realmente se sente com essa música. A única coisa que posso afirmar é que Gaga acertou nessa letra, traduzindo exatamente a expressão FIND YOUR FREEDOM IN THE MUSIC (encontre sua liberdade na música) que é uma daquelas músicas que fazem você fechar os olhos, se soltar na pista de dança e literalmente, bater cabelo.



07 - Scheiße (03:46)

Você também ficou sem ação quando ouviu e leu a tradução? Primeiramente, ß é uma letra do alfabeto latino expandido usada pela língua alemã, segundo nossa amiga Wikipédia. E o Scheibe do título se refere a tradução em alemão da palavra shit, merda. Explicado o significado ainda ficou oculto o porque Gaga compôs a primeira estrofe toda em alemão. Antes do lançamento do álbum, a cantora havia prometido cantar músicas em outras línguas e eis o resultado, mesmo dando para entender pouco a tradução de algumas frases: Eu sou absolutamente clara que eu uso o nome Mãe Monstro. Deu para entender? Ok, eu explico mais. A música é uma das mais sombrias do CD e fala sobre as companhias que introduzem você na noite, deixar você como um produto novo na vitrine. Só fico me perguntando se ela precisa disso.


08 - Bloody Mary (4:05)

A princípio eu pensei que fosse se referir à bebida de mesmo nome que é feita com vodka e suco de tomate. Depois, fazendo outra rápida pesquisa, tentei imaginar que o real motivo do nome fosse uma alusão a Maria I ta Inglaterra, mas no fundo eu sabia o que realmente queria dizer. Não tem meio termo, não tem mensagens ocultas, essa é uma música clara: Eu sou Maria Madalena. Pelo menos é o que da para notar. Não é de se espantar que Gaga insira elementos atuais nas letras como uma canção de amor feita pela própria Maria Madalena. Não consigo me recordar direito aonde foi que li um artigo que dizia que Maria Madalena teria morrido na França, bem, talvez venha dessa mesma fonte a inspiração do verso:  I wait on mountain tops in Paris cold/Je veux mourire tout seule (Eu vou esperar no topo das montanhas, no frio de Paris/Eu quero morrer sozinha) Já estamos na oitava música e mais uma vez é citado pelo menos um elemento da bíblia cristã, daqui a pouco começo a ter certeza de que quando as turnês de Born This Way acabarem, Gaga entrará para um convento.

09 – Bad Kids (3:51)

A melodia me fez lembrar aqueles comerciais de CDs de coletânea de músicas antigas, tipo anos 60, 70 e 80. Não, não é ruim. Eu até gostei, mesmo. Falei um tanto mal das músicas anteriores, só vetando algumas. Mas Bad Kids realmente me passou uma boa impressão. Essa seria mais uma das músicas que eu esperaria ter visto nos álbuns anteriores. Segundo a própria Gaga em um post no twitter a canção foi inspirada por histórias de seus Little Monsters que ouviu enquanto estava em turnê, e que essa canção é uma homenagem as suas histórias. Particularmente eu senti um tom meio EU SOU DEUS nessa letra, mas não é de fato uma repreensão. Essa é uma daquelas músicas que cabem exatamente como essas letras de bandas cristãs modernas, livres do estereótipo de que precisam falar o nome de Deus sempre. Don't be insecure if your heart is pure/You're still good to me if you're a bad kid baby/Don't be insecure if your heart is pure/You're still good to me if you're a bad kid baby (Não seja inseguro se o seu coração é puro/Você ainda é importante pra mim mesmo sendo uma criança má/Não seja inseguro se o seu coração é puro/Você ainda é importante pra mim mesmo sendo uma criança má) Leia esse trecho e diga que não foi totalmente: Não importa se você é o errado ou o certo, o seu coração ainda é puro como a glória divina? Seja lá o que você tenha em mente com essa música Gaga, já pensou em usar seu Get Out of Hell Free card?

10 - Highway Unicorn (Road To Love) (4:16)

 

Precisei ouvir essa música várias vezes para poder escrever sobre ela. A primeira palavra que me vem em mente é Dreg Musci, sem mais. Tanto pelo contexto, depois de muito pensar para chegar a essa conclusão, que ela representa quanto sua aparência. O nome da música em português fica como Rodovia do Unicórnio (Estrada para o Amor) o que me deixou um tanto confuso foi o Hoah-oo-woah-oo-woah/Oh-oh-oo-oh/Ride ride pony tonight/We can be strong. Aos meus olhos isso foi quase um I Will Survive, a diferença é que pareceu aquele tipo de música que nós (quem escreve, é claro) só faz quando não tem mais idéia nenhuma. Alguém conhece essa sensação? Mas Gaga tinha mencionado que essa música representaria sua inocência, mostra como ela mesma caminhou ao lado de seus sonhos. Achei o unicórnio um modo falho de representar os sonhos, uma vez que o símbolo do álbum seja o mesmo animal mitológico, e a menos que eu esteja enganado então o sonho dela também é Government Hooker?

 

11 – Heavy Metal Lover (4:13)

 

A Mother Monster divulgou que essa foi a última música a entrar no álbum e eu nem sei o porque. Fui irônico,ok? Não sei se sou eu quem sou crítico demais ou essas últimas músicas têm sido um pouco “não tem você vai você mesmo”. Amante do Heavy Metal não me passou muita coisa. Parece mais uma dessas músicas de filmes adolescente regados a bebida, orgia e drogas. Não sei quanto à parte da letra que diz: Pônei sujo, eu/Mal posso esperar para encharcá-lo todo/Você tem que ganhar o seu couro/Nesta parte da cidade. Mais uma música com pônei, unicórnio ou seja lá o que signifique para ela. A letra é repetitiva mas dessa vez podemos ver que a essa altura do CD Gaga deu um tempo da religião, mas não vamos nos encher de falsas ilusões, ela é a Lady Gaga.


12 – Electric Chapel (4:13)

 

t.A.t.U foi a primeira palavra que me veio em mente quando ouvir. O estilo dessa música me fez lembrar muito o modo como são tocadas as canções das duas meninas, a diferença é que talvez a letra poderia ter sido um pouco melhor. Ou melhor. Sabe o que eu disse sobre ela ter dado um tempo da religião na música? Esqueça. Follow me, don't be such a holy fool/Follow me, I need something more from you/It's not about sex or champagne, you holy fool (Siga-me, não seja como um santo idiota/Siga-me, preciso de algo a mais seu/Não é sobre sexo ou champanhe, seu santo idiota) Novamente palavras como capela, santuário, pecado e sagrado se misturam com o ar gagarônico que vimos durante todo, eu disse TODO, o álbum. Podem me matar fãs da cantora, mas eu achei, com todo o meu falso moralismo e minhas críticas de poucos acessos que essa música foi totalmente fim de carreira. O fato é que sabemos que o CD pode estar no fim, mas Lady Gaga talvez demore um pouco para tornar isso real.


13 – You and I (5:07)


Tirando o clima de novela das oito com tema countryn que essa música me fez imaginar, eu não achei tão ruim. Antes de eu parar para ouvir todo o cd, já haviam me indicado. Só digo uma coisa: não chegou aos pés de speechless, do primeiro álbum. Mas tenho a certeza de que a intenção foi a mesma. Não é uma letra ruim. Imaginei a Stefani Joanne Angelina Germanotta (não a Lady Gaga) compondo essa música assim que começou a fazer suas apresentações em bares locais, com um violão e pouca vergonha na cara. Mesmo, me passou uma imagem boa da Lady Gaga que tenho em mente e não daquela que eu vejo hoje na mídia e que com certeza,mesmo acrescentando elementos religiosos às músicas está longe de ser boa. Pude ver claramente uma menina com cabelos castanhos, não amarelos tipo Simpsons, uma jaqueta de couro marrom e uma calça jeans, não uma roupa totalmente feita de carne de verdad. Vi uma Lady Gaga antes de saber quem realmente era e pensando em atingir o sucesso com letras desse tipo e não com letras que a venderia para o mercado. Resumindo o que eu vi? Uma Lady Gaga que talvez nunca volte a existir.



14 – The Edge of Glory (5:21)


Estou à beira da glória... Estou no limite de algo final a que chamamos de vida essa noite... São uma das frases dessa música. Novamente vi uma dreg Queen com longos cabelos loiros, roupas de paetê e salto agulha em cima de um palco em uma boate qualquer. Tudo bem que Gaga se sente a Queen e faz o maior sucesso entre o público GLS (Já falei em outros posts que não utilizo a sigla LGBTS) mas daí adotar uma postura assim? Não, não é preconceito. Como se fosse possível, ser. O único problema é que ela não precisa. Não, Gaga, você não é uma dreg Queen. Você pode simpatizar e fazer letras para o público gay, mas isso não a torna uma cantora operada sexualmente que se apresenta na noite sob roupas singulares e voz masterizada. Infelizmente é a imagem da Ladydreg com músicas que diz estar a beira da glória não está mais sendo tanta novidade no mercado. Lady Gaga, você só está a beira da glória agora? Porque? Porque decidiu fazer as músicas com elementos surpresas que Madonna não era corajosa demais para sonhar em escrever? Será mesmo que isso que você chama de vida acaba essa noite? Foi uma dica de que pode acabar a qualquer momento? Eu sinceramente torço que sim, e que todos os seguimentos de Mother Monster que ousem aparecer sumam com a mesma rapidez, dando lugar apenas para uma Lady Gaga de três anos atrás que mais parece ter vivido há séculos.
  


foto: Darlan Santos

Um comentário:

Jane C. disse...

Não posso comentar sobre o CD,pois não ouvi,mas vou falar da cantora.

Acho que ela tem mais marketing do que voz.Mais piração do que música.É mais estilosa do que bonita.Aparece mais pela coragem de fazer coisas bizarras do que propriamente pelo talento.
´
E é por isso que eu a acho phooodaaaah!