domingo, 4 de dezembro de 2011

Rascunho de 21 de Junho

Hoje me permiti sorrir ao contemplar um quadro. Não foi em nenhuma galeria ou exposição. O atelier em questão era uma parede azul adornada de retratos muito familiares à minha memória. E a obra de arte não era tão antiga, o que não signifique que seja recente. Por mais que estivesse ali por um tempo considerável mantinha-se intacta, imaculada e clara, dando ao ambiente mais leveza e simplicidade.

Trata-se de um casebre envolto por um jardim florido. As flores chegam às paredes da casa, há um portão e o céu permanece azul independente do clima aqui fora. Lembro-me de quando era criança e chegava da escola, muitas vezes exausto com os trabalhos de matemática da professora Luíza e do sol que insistia em torrar-me no trajeto de volta, após o banho e o almoço me deitava no sofá e ficava ali contemplando aquele lugar. Desejando com todas as minhas forças ser transportado para lá. Ali eu não faria mais trabalhos de matemática, não me importaria com o calor, não me afetaria o fato de ter pais separados e muito menos teria de escolher entre um deles.

Ali dentro eu seria acordado com o som dos pássaros, com o cheiro do café invadindo o quarto. Passaria a manhã na varanda sentindo a brisa do dia, ouvindo um possível riacho ali perto criado pela minha imaginação. Veria as primeiras estrelas surgirem no horizonte e daria um passeio à luz da lua pelos campos só para ouvir o tamborilar dos grilos. Não me importaria se tivesse de dividir o casebre com algum morador (sempre imaginei uma senhora de avental morando por ali), seria até bom ter alguém com quem conversar. Ah, essas lembranças. Ah, esses desejos. Já que talvez nunca seja transportado para dentro daquele quadro, deixo minha imaginação trabalhar sempre que puder. E para vocês, deixo a imagem do meu futuro lar imaginário:

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