Quando gosto muito de uma coisa tenho mania de repeti-la
diversas vezes. Não sou muito diferente das outras pessoas, isso provavelmente
acontece com todo mundo, ora. Quando se gosta muito de uma música, um filme ou
um livro temos o costume de ouvir, ver e lê-los continuamente. Pois é isso que
me aconteceu com uma peça de teatro chamada Arresolvido.
Em exibição no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) daqui
do Rio, fui pela 2ª vez esse final de semana prestigiar a simplicidade do
roteiro e a perfeição das atuações dos jovens atores. Em poucas palavras, a
história se passa numa pequena vila no Nordeste brasileiro em que após a morte
do pai, um menino vê-se na obrigação de cuidar da casa e de sua mãe. A mãe por
sua vez, cercada de preconceitos e submissa ao marido até depois de sua morte, se
vê tentada a mudar e levar uma vida livre dos dogmas aos quais foi imposta.
A peça é a montagem do texto vencedor da 5ª edição do concurso
de dramaturgia para novos atores, Seleção Brasil em Cena. E não preciso dizer
que indico a todo e qualquer público. A história cativa e com a ajuda das
músicas consegue fisgar a atenção até o último minuto de espetáculo. A atuação
é um show a parte, não podia deixar de comentar. O riso é garantido e
visivelmente notável que todos os atores sabe o que estão fazendo ali! Com uma
linguagem fácil e algumas tiradas sacanas, o expectador é transportado para
vidas totalmente simples, pobres, mas com valores a serem aprendidos. Pelo
menos eu fui. E boa parte dessa sensação se dá também ao cenário, que de tão
simples e com os objetos de cena visíveis consegue ser facilmente visualizado
como uma cidade pobre e daquelas que vemos com suas casinhas de pau a pique do
Nordeste.
É uma comédia leve, desprendida de qualquer tema “que esteja
na moda” e acessível a todo aquele que gosta de assistir a bons espetáculos. E
também fui acometido por tal leveza que os personagens transmitem; uma doce
inocência. Tão doce quanto à famosa cocada mágica que aparece no desenrolar da
história. E a inocência de um menino que me fez rir e sentir dó em todos os
momentos, e que ao sair do teatro acabei esperando ver uma criança de verdade e
não um ator. Aquele tipo de inocência que hoje em dia você só encontra quando
assiste o Chaves no SBT.
Então, fica a dica para um programa quase gratuito e que
vale tanto a pena quanto qualquer exposição Impressionista. Arresolvido me
tirou muito mais sensações boas do que a exposição que me fez ficar 3 horas
numa fila.
Vá e ria, cante, aplauda merecidamente, coma cocada, seja
livre... Por que, além de preconceito, a peça fala sobre isso: liberdade! Mas
que fique claro que quando for, pode me chamar.
Ficha Técnica:
Texto: Érida Castello Branco.
Direção: André Paes Leme.
Elenco: Bárbara Abi-Rihan, Celso Gayoso, Fabiano Raposo, Felipe Silcler, Marina Monteiro, Pedro Poema e Zé Wendell.
Duração: 70 minutos.
Classificação etária: 12 anos.
Cenário e Figurinos: Carlos Alberto Nunes.
Direção Musical: Pedro Poema
Temporada: 14 dez 2012 a 10 fev 2013 / Quinta a Domingo, às 19:30 / 6R$(inteira)
Centro Cultural Banco do Brasil
4 comentários:
Bom saber, comprei ingressos pra assisti-la nesta quinta. Depois conto o que eu achei.
é emocionante saber que nosso trabalho tão intenso e delicado chega ao espectador de forma tão comovente. Obrigado. Evoé
Zé Wendell
Querido, suas palavras estão sendo compartilhadas por todos. Muito obrigada de novo pelo carinho. Beijos mah!
Meu Caro, achei muito interessante o seu texto. Gostei da idéia de liberdade que você conseguiu perceber. Realmente a energia é muito boa. Sou como você me alimento dessas energias boas. Já li um romance de 546 páginas duas vezes, já assisti um filme 38 vezes rsrs enfim, vi a exposição do impressionismo 3 vezes aqui no Rio (sem fila), 1 vez em SP, e uma no Musée D'Orsay em Paris...Na verdade, ARRESOLVIDO me afeta em muitas coisas: a antropologia do humor, a jovialidade dos atores, a música simples e cheia de poesia...o menino, a mãe, a comadre...e a vó rsrs vou no sábado com um amigo que é ator. Até lá
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