Outro dia sonhei com minha avó. E é engraçado que o sonho
ocorreu na sexta-feira e só agora me senti a vontade de contá-lo e
transformá-lo num texto. Vai entender. A propósito, para aqueles que não sabem,
ela morreu em setembro passado e foi a primeira pessoa muito próxima a mim à
partir dessa vida. Então dá-se para imaginar como eu fiquei na época. E para
falar a verdade até hoje não sei se minha ficha caiu ou ainda vai cair em algum
momento.
Essa é a segunda vez que sonho com Dona Nilza depois da
passagem dela. A primeira vez foi tão surreal quanto esta que vou contar.
Lembro de ter acordado chorando naquela manhã, pelo sonho ter sido bem real e
nele minha avó já havia morrido mas ela própria não sabia, então eu travava uma
luta para que ela não descobrisse seu óbito. Uma loucura.
Este último sonho foi um pouco parecido com o anterior. Ela
estava viva, mesmo todos sabendo que havia morrido. E eu ficava surpreso quando
batia na porta da casa que hoje é habitada apenas pelo meu avô e ela atendia.
Não me assustou como se é esperado ao ver uma pessoa que você sabe estar morta,
mas eu fiquei ali, parado e confuso. E minha cabeça foi raciocinando lentamente
o motivo dela estar ali. Sem mesmo que eu pudesse terminar os pensamentos
concluí: A presença dela novamente no mundo dos vivos era para que eu pudesse
me despedir, uma vez que não tenha feito isso pelo fato de ter ficado internada
no hospital. Confesso aqui que isso sempre me foi um fantasma. A ideia de não
tê-la visto antes de partir foi aterrorizante, ainda mais depois do enterro,
onde a vi pela última vez.
No sonho, ao perceber que eu consegui entender o por quê de
estar ali, ela sorriu. Aquele sorriso bondoso que tinha e que dava vontade de
abraçá-la e nunca mais soltar. Aquele sorriso que só vó tem. Sabendo agora o
motivo da sua presença, dei um passo a frente e a abracei. Não lembro se
cheguei a chorar, mas sei que foi a melhor sensação do mundo (mesmo em sonho)
sentir seu cheiro novamente, deixar que a cabeça dela tocasse em meu peito
devido a baixa estatura, sentir os cabelos sedosos no meu queixo... Um sonho.
Hoje não sei se ainda
me dou por satisfeito com o sonho. Talvez seja ingratidão minha dizer que foi
só um sonho, mas é que ainda sinto que preciso de alguma coisa para deixar
claro que eu estou bem comigo mesmo em relação a morte da minha avó. Talvez na
minha memória haja alguma frase esquecida dela que me faça ver que eu não
preciso mais me preocupar com isso. Mas enquanto eu não encontro tal frase ou
qualquer outra pista, permaneço na torcida de que sonhos assim voltem a
acontecer para que possa abraçá-la novamente e voltar a dizer que ela me faz
falta.
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