Certo dia desses, fui abordado por um rapaz vendendo uns livretos no metrô para o Centro. Presumi que fosse poesia, por que já encontrei vários desses novos poetas de rua. E embora eu ache que poesia não devesse ser vendida, por ser algo tão benéfico, não posso propagar essa ideia quando nas livrarias ainda vendem antologias da Clarice, do Drummund e de outros caras talentosos por altos preços. Eles têm seus valores, afinal contribuíram fortemente para a nossa literatura. Mas confesso que prefiro comprar coisa nova de pessoas comuns. De pessoas como eu, como você. Sempre contribuo com algum trocado e fico com um livreto. Afinal, poesia é sempre bem vinda!
Na maioria das vezes encontro poetas vendendo seu trabalho em livretos de papel ofício mesmo, impresso em xérox. Esse foi diferente (Não desmerecendo ninguém, é claro). O acabamento é visivelmente mais caprichoso em folha de papel couché (brilhoso), as imagens têm ilustrações com uma boa impressão e o autor já tem até um livro publicado. É bem bacana e consegue despertar o leitor só pela capa. O que, convenhamos, é meio caminho andando.
Faz parte de um projeto chamado Poeta Sobre Trilhos, onde o leitor contribui com a quantia que quiser para que o projeto continue levando esses trabalhos de alta qualidade às pessoas e mostrando que, a leitura não é um prazer só para quem vai até bibliotecas e livrarias. Já o autor, Lucas de Castro Lisboa, é mineiro e tem como referência nomes como Augusto dos Anjos (já me ganhou), Glauco Mattoso e Mário Quintana. Vale a pena dar uma conferida nas últimas linhas do livreto, a poesia que eu mais viajei ao ler. E fica a dica com os contatos para conhecer mais o trabalho desse que, como muitos de nós, também acredita que a vida é muito melhor nos versos de um papel.
As quadras D'Eu
Eu, garoto cefaléia,
lotado de rebeldia
para o mundo a panacéia
em poemas escrevia
do som puro de ideia
é órfã minha poesia
num choro de Medéia
em metro e melancolia
na redondilha plebéia
sou o bobo que a corte ria
tal hienas na alcatéia
ou cio da gata que mia
hoje viajo na boléia
dos trilhos em sintonia
levando luz à miséria
com poética vadia.
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