quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Quer dizer, é a cara do Rio



O Carnaval acabou e deixou saudades. Deixou lembranças de sorrisos, diversão, fantasias, sonhos, alegria... E lixo. Deixou o Rio com a verdadeira cara de que passou um bloco interminável pelas ruas durante esses quatro dias e seu rastro foi notável na manhã da quarta de cinzas. Para não falar do cheiro.

Eu amo o Carnaval! É a época do ano em que, não só o carioca mas o brasileiro, se joga na folia e esquece todas as preocupações que o atormentam durante os meses que antecede a festa. As pessoas sorriem mais, brincam mais, levam as coisas um pouco menos a sério do que o costume, mas acabam esquecendo mais também. Esquecem que existe lixo e tratam de deixar a cidade com a aparência de que foi devastada por um furacão. Sem metáforas aqui.

São as mesmas pessoas que reclamam quando uma rua fica alagada e o trânsito é afetado. São as mesmas pessoas que insistem em reclamar seus direitos como moradores às autoridades locais para a melhoria do bairro. Chega a ser engraçado, mas é trágico e me preocupa. Porque eu fico pensando se é muito difícil deixar a cidade limpa depois de uma festa tão colorida e tão a cara do Rio. Me pergunto se esse povo merece as melhorias que aos poucos nos são apresentadas. E se esse mesmo povo está preparado para sediar eventos de grandes proporções como a Copa e as Olimpíadas. Somos a Cidade Maravilhosa, mas só até a página dois.

Que direito temos agora de reclamar quando um político enche a cidade de obras que atrapalham nosso ir e vir? Por qual direito vamos lutar quando uma região ficar alagada na próxima temporada de chuvas? A quem vamos culpar dessa vez pela falta de saneamento em alguns bairros e a má vontade das autoridades em fazer aquilo que prometeram em campanhas? Nós somos um povo, uma nação, uma coisa só... E agora perdemos a razão de vez. Todos os dias contribuímos com aquele papel de bala e aquela lata de refrigerante jogado pelo lado de fora da janela do ônibus. Contribuímos para acabar com nossa cidade, nosso Estado e nosso país.

Quer dizer, esse Carnaval foi o maior exemplo de que não estamos preparados para sediar qualquer evento, uma micareta que seja. Nos mostrou quão somos revolucionários na hora de exigir melhorias para onde vivemos, mas o quanto não entendemos do alto preço que pagamos pelo simples ato de largar algo no chão. Não dá mais para levar a sério uma sociedade que precisa de música ensinando onde se deve urinar, e que mesmo assim faz da cidade um enorme banheiro público. Eu amo o Carnaval, isso é certo. Para mim, não tem festa que caracterize melhor a cara do Rio de Janeiro. O problema todo é que nem sempre isso é bom.


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