domingo, 17 de março de 2013

José da internet

Numa sala fria qualquer
com um nome falso qualquer
um João, um Pedro, um José.

No emaranhado de fios
Ele navega na rede
Como se veleja um navio

O mouse é o mastro
O monitor, a vela
Qualquer emoção é contida
e presa
do outro lado da tela

Numa sala fria qualquer
de um frio site qualquer
ele pode ser João
além de Pedro e José
pode ser quem quiser

Já não sente mais arrepio
na popa do seu navio
trocou o coração por um fio
e a rede o fez frio

Não sabe mais se é Mário,
se é Luiz ou se é José
Só sabe que se perdeu
E naquele site qualquer
lhe foi tomado o direito
de ser quem ele é.

Rafael Amorim

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