terça-feira, 9 de abril de 2013

A Hospedeira: A Saga Crepúsculo.



Tirei a segunda-feira para ficar em casa, mas acabei indo ao cinema assistir A Hospedeira. A princípio, não me animei para ler o livro quando lançou. Parte por preconceito contra a Stephenie Meyer, parte por achar a história desinteressante. Quando vi o trailer, tal empolgação não apareceu. Parecia sempre tudo do mesmo: ficção científica, explosões, flashs impactantes... Mas ontem me livrei dos preconceitos e, munido de coragem, entrei naquela sala de cinema.

Eis um fato sobre o filme: não há fato nenhum, quase dormi durante suas duas horas e cinco minutos de duração. A trama, dirigida por Andrew Niccol, e baseada no livro da mãe de Crepúsculo, mostra a Terra invadida por uma espécie de alienígenas conhecidos como Almas. Pregando uma mensagem baseada na paz, as almas perseguem os poucos humanos que resistiram a dominação. Um deles é Melanie Stryder (Saoirse Ronan, de Um Olhar do Paraíso), mas que logo passa a ser dominada por uma alma chamada Peregrina. Entretanto, a consciência de Melanie ainda está viva dentro do corpo, o que faz com que Peregrina tenha que lidar com ela constantemente. Com o tempo, a alma fica cada vez mais fascinada com a vida e os sentimentos que Melanie tinha e passa a protegê-la de Buscadora (Diane Kruger, de Bastardos Inglórios), que deseja capturar seus amigos humanos o quanto antes.

A história em si é boa: a ideia de que os seres humanos acabaram com o planeta e só depois da invasão de outros seres foi que o mesmo pode-se reerguer é um bom material para tornar o filme digno de seu título como ficção científica. Ao menos tornaria, se não fosse pelo dedo podre da Stephenie Meyer nisso tudo. Perseguição minha contra a autora? Jamais, até já li um conto dele que gostei (Inferno na Terra), portanto, Meyer, como de costume, errou a mão nas doses de mal gosto. A começar pelo ser alienígena que renega seus instintos e passa a conviver com a humana. Uma espécie de romance entre duas espécies diferentes? Acho que já vi isso em algum lugar, mas relevei na hora em que comecei a assistir o filme. Talvez na esperança de que algo mudasse. As cenas de ação me fizeram esquecer desse momento Crepúsculo, mas quando o longa começa a ficar lento, tedioso e chato de verdade, PAM!, vem a porrada no espectador e a vontade de vomitar: um triângulo amoroso. 

No fundo, é apenas um Crepúsculo sobre alienígenas. Os últimos diálogos são extremamente piegas e dignos de uma cena de Bella e Edward. O meio usado para que o triângulo amoroso se desfaça é igualmente esdruxulo, para não dizer deplorável, como na saga de vampiros. É um filme o qual poderíamos esperar o melhor, uma história dessas tem potencial para entreter o público sem seus efeitos especiais e suas cenas forçadas de ação. Mas não, Stephenie Meyer tem que fazer algo sempre voltado ao diálogo para adolescentes, quase incitando a uma relação com três pessoas. Apesar da produção ser mais madura que a saga Crepúsculo, a base é a mesma. Este é um exemplo de como um escritor consegue falhar ao mudar seu público alvo e acaba cometendo o erro de repetir a mesma fórmula de seus romances anteriores. Não há questionamentos sobre nada, é só mais uma história para dormir, fez do filme uma produção a moda Tela Quente.

Os pontos bons? O pano de fundo teve seu mérito. E particularmente, acho deprimente avaliar a qualidade do filme apenas por seu pano de fundo. Uma das diferenças entre um bom filme e um ruim é que seu pano de fundo não é responsável por levar a história a diante. Como em Melancolia (Lars Von Trier, 2011), o pano de fundo do fim do mundo estava ali apenas para introduzir a personalidade de seus protagonistas diante do evento, nada mais. Talvez se Meyer tivesse um pouco mais de bom senso - e bom gosto -  teria escrito algo que valesse a pena, ou apenas parado no último livro Crepúsculo. Com toda a apatia do elenco e dos personagens, até dá para gostar da protagonista. Boa parte do carisma de Saoirse Ronan (que é uma boa atriz numa péssima história) deixa tudo mais suportável. 

A dica é não ficar esperando por algo tão positivo na produção, será raro encontrar. A Hospedeira: ruim, clichê, pegajoso, cansativo, elenco apático, mas suportável para aqueles que gostam de se aventurar nessas produções. Até MIB - Homens de Preto tem mais a oferecer como ficção científica, ou talvez eu esteja sendo crítico ao extremo, mas tenho certeza de que faltou pouco para tocar Extraterrestrial da Katy Perry nos créditos. Mais clichê impossível, se não fosse quase uma continuação da saga Crepúsculo.



FICHA TÉCNICA:

A Hospedeira (The Host)
Diretor: Andrew Niccol
Elenco: Diane Kruger, Saoirse Ronan, Frances Fisher, Max Irons, Jake Abel, William Hurt, Boyd Holbrook, Chandler Canterbury, Scott Lawrence, Raeden Greer, Marcus Lyle Brown, Shawn Carter Peterson, Mustafa Harris, Stephen Rider, David House, Phil Austin, Jaylen Moore, Tatanka Means, Evan Cleaver, Robert Douthat, Gustavo I. Ortiz, Alexander RoessnerProdução: Stephenie Meyer, Paula Mae Schwartz, Steve Schwartz

Roteiro: Andrew Niccol
Fotografia: Roberto Schaefer
Duração: 125 min.
Ano: 2013
País: EUA
Gênero: Ficção Científica/Romance
Cor: Colorido
Distribuidora: Imagem Filmes
Estúdio: Chockstone Pictures / Inferno Entertainment
Classificação: 12 anos

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