terça-feira, 16 de abril de 2013

Poema para ficar



É uma tentativa desespera de musicar
De poemar, de por o mar
Pra girar e levar o papel com esse poema até você
E te fazer perceber que ao invés de morrer
Você pode estar aqui e sorrir
E rimar
Poema com mar
Mar com poema
Pra musicar suas músicas feitas para alguém
Que eu não sei quem
Mas é mulher e está na sua mente
Na sua frente e tem sorte
E encara a tua morte
De maneira forte porque foi responsável
Te fisgou num anzol
E talvez com um lençol
O teu sexo explorou
Te humilhou, te beijou, te fez gozar
Me causou náuseas ao imaginar
Teu corpo de menino
Entrelaçando teu destino com o dela
Sentindo o sol que entrava pela janela
Deixando os corpos em combustão
As roupas pelo chão
E a mente a flutuar
Me fazendo invejar
O calor do momento, pelo teu sentimento
De fugir, ir com ela para o Sul
Me deixar a ver navios
Navegando em mares, em rios
De alta melancolia, teu corpo que jazia
Num esquina tão fria, tão quente
Que era onde a gente se encontrava e fazia
O ritual daquele dia: apertos de mão
Cabeças pro chão, olhares e desencontros
Desencontro, desse conto
Não acho o ponto
E não paro no final, não acredito no fim
Que pelo menos pra mim tarda a aparecer
Não sei pra você
Não há beijos
flashs, lampejos
Da sua imagem no passado
Pintado contra o céu aguado
Cena de um filme que vai lançar
Um romance de Almodóvar
Uma história estranha
De vidas diferentes
É o que faz da gente artistas anjos
Que voam em pensamentos sem asas
Como naquele dia, o encontro numa praça
Eu falava de você e voava em lamentos
E você apareceu, perdido em pensamentos
Sorriu de um jeito bonito, entortando o queixo
Me olhando nos olhos, me tirando do eixo
Me fazendo levantar, e com cautela ao te abraçar
Sentindo seu toque, sua pele e um frio na espinha
Sorrindo e aproveitando essa minha
Sensação que tirou meu chão e me jogou no espaço
Entre a minha vontade e os teus braços
Braços de menino,
Nem fortes, nem finos
Me sentindo especial, com esse frio anormal
Querendo te dizer que
Ao invés de morrer
Você pode ficar aqui e cantar
Rimar beijar com andar
Morrer com sofrer
Estar com o mar
Estando seco ou molhado
Rimar casa e telhado
Porque não precisa rimar
É só um poema feito pra ficar
Um forma desesperada de me notar
E me condeno a ficar assim, desse jeito
Com as palavras em meu peito
Lembrando do teu abraço que parece um beijo.

Rafael Amorim

Um comentário:

Thiago Moura disse...

A platéia de um, se levanta e aplaude de pé.
"Bravo!!!"