Adquiri o hábito de tomar chá. E
chá preto, coisa que eu achei que nunca fosse acontecer. Na verdade, adquiri
outros inúmeros hábitos durante essa semana. Mudar a ordem da louça a ser
lavada foi um deles: primeiro os copos, depois talheres, depois pratos... E
assim seguiu minha semana. Mudei o hábito de comer só em pratos fundos, aderi
aos rasos. Pus em dia meus projetos, minhas colagens, meus desenhos. Ouvi
músicas no modo aleatório e não passei as mesmas de sempre. Já voltei a ler um
livro que ficou pela metade. Tenho dormido cedo. Até encarei o medo e subi numa árvore, dá pra acreditar? Tem sido imensamente
gratificante ficar desconectado do mundo virtual durante esse tempo. Não é que
eu não sinta falta e não precise, do contrário este texto ficaria esquecido
aqui no computador. Mas acabei me permitindo não carecer de uma suposta
necessidade virtual. Mesmo que soe, e soará prolixo vindo de mim, sempre esteve
claro que eu gostaria que todos aprendessem que a vida acontece aqui fora. Como
eu aprendi.
Largando mão
do discurso batido “anti-internet”, a maior conquista desses dias de mudanças
foi, sem dúvida alguma, a descoberta da empatia. Li em um texto bem coerente da
Martha Medeiros, que as pessoas costumam ser simpáticas e acabam esquecendo-se
de ser empáticas. A empatia, nada mais é, que a dádiva – sim, dádiva – de se
por no lugar do outro. Não é tão fácil como se parece, eu mesmo tenho
encontrado dificuldade, e ainda assim tenho persistido. Penso que se eu tivesse
sido mais empático desde sempre, teria evitado situações desnecessárias em
certos momentos da minha caminhada.
Mudar alguns
hábitos que passam despercebidos por nós não é uma tarefa fácil, mas é simples
e pode ser iniciada a qualquer momento da vida. Sem medo de parecer uma cópia
de algum comercial sobre vida saudável ou até mesmo um livro de auto-ajuda,
aconselho todos a começarem esse processo de mudança agora mesmo. A vida fica
mais simples a cada passo. E se conseguir, como eu, chegar a perceber que se precisa
de mais empático para com os outros, já será um sinal de gigantesco avanço.
Tenho me preparado para voltar à rotina, entrar aos poucos em contato com a
vida virtual e de volta com o convívio pessoal. Cortar as expectativas; parar
de exigir muito de mim e das outras pessoas; abrir mão de algumas idéias para
que outras possam surgir, já são novas metas.
Apesar disso, a maior meta que tem ocupado bastante lugar dentro dessa
minha mente, outrora barulhenta – agora um pouco mais sossegada – é, sem
dúvida, a convivência com pessoas que não sabem ser empáticas e acham que o
orgulho é uma qualidade a ser mantida. Não dá pra forçar ninguém a mudar de
pensamentos, a mudança ocorre de dentro pra fora, lentamente. Mas acontece. A
caneca de chá preto está aqui, me encarando, para não me deixar mentir.
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