quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Apolo


Apolo
(Rafael Amorim)

Eu, farsante em meus movimentos
Medindo-os como quem tem um plano
Parado ali por minutos, meses, anos.
Sentado numa cafeteria, vendo o passar de gente
Sentindo vergonha alheia,
congelando na noite fria.
Com palavras que estão aqui
transbordando pela cabeça cheia.

Eu, ser falso ideológico
chamado por outro nome
Preso numa história,
parado, perdido
Idealizando melhores momentos
que há muito foram esquecidos.
Me sentindo pesado e só,
distante de quem disse que
seria um nó
qualquer destino diferente desde aqui,
porque nada teria sentido
nada teria fim.

E rompe, machuca, volta a sangrar
Uma ferida com os nós desfeitos
exposta em pleno domingo,
aberta em meu peito
Fede à saudade, custa a estancar
O ciclo dominical não termina,
não faz menção de parar
A massa de gente vai e volta
Dispersa, sem sequer imaginar
que a cada dia morro um pouco
nas mãos da memória que vem me abraçar.

Me junto à essa massa
e morro num canto qualquer
Desfaleço aqui, no ônibus, nom trem ou a pé.
Em meio a multidão permaneço sendo um só
Fisgado pela mente que insiste em lembrar
que cada um tem sua dor
mas só a minha custa passar.


Um poeminha escrito no ápice da melancolia de domingo, antes de entrar no cinema. Engraçado como a gente pode ser quem quiser, principalmente no Starbucks. Me tornei Apolo novamente, nome que usava como pseudônimo para assinar poemas e redações na época do ginásio. Ele veio à tona enquanto estava na fila para pegar meu Chay gelado.

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