domingo, 13 de janeiro de 2013

Palácios Distantes


Não consigo prestar atenção a uma única letra do romance na minha mão,
o coração deu sinal de vida.
E junto dessas palavras, sou obrigado — por nada — à ingerir sua voz,
que entra em mim rasgando meus nervos; despertando minha ira 
e torcendo meu estômago com gosto de saudade.
Era pra ser só mais uma visita à praça,
mas lá estão eles, e aqui estou eu, atrás das cortinas
assistindo ao segundo espetáculo da noite. Mas este,
Ah, este! Este espetáculo é maldoso, regido por uma sinfonia macabra 
e o protagonista não para de sorrir. Como sorria comigo.
Como jamais o vi sorrir novamente.
Um morador de rua me para. Em sua voz um pesar:
— Difícil.
Ele não faz ideia do momento oportuno em que me encontrou.
E me canta, como se eu estivesse aqui para isso, 
como alguém que cobra por sexo.
Como se fosse alguém procurando diversão.
O afastei com poucas palavras 
e imaginei que o deus lá em cima decidiu brincar comigo
Mais uma vez.
Estou só.

Rafael Amorim
12.01.2013

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